quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Chacaltaya - O caminho, os tons, as cores

S 16º 20'
O 68º 7'
Elevação: 5.300 metros na base, 5.421 no topo



Saímos de La Paz por aqui; subindo, rumo a El Alto e ao Altiplano, sempre.

Lá embaixo, o caminho das bruxas, com uma delas de plantão, toque divertido de começo de viagem.

Pelo caminho manso, sem abismos a lamber os pneus, montanhas nevadas na distância pequena.

1/500 mais automático. Tudo da janela do ônibus, com velocidade.

Um caminho suave, pavimentado. Bem ali, cores leves aos pés, rochas branquinhas de neve nas alturas.

Cores se acentuam, o branco também.

Vegetação de alturas, coisa rasteira; E o monte branco parece acanhado, lá atrás.

Ainda 1/500. 200 mm trouxeram pertinho.

O caminho que será, ainda: o fim do conforto.

Pouco verde... mas parece saboroso. Alpacas.

Alpaquinhas à vista!

Adeus, asfalto! Agora só caminhos estreitos de um carro só. E abismos, abismos, abismos, pedras soltas, curvas de se ver o fundo do pequeno ônibus. Mas aqui começam as cores, a beleza maior da viagem.

Aqui reinam as cores


Conta uma lenda do lugar que os mortos viram pedras, para cuidar na eternidade dos vivos, dos que se endurecerão também um dia.

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E as últimas


Esta é do Van, aquele nervosinho que ficou encantado e foi para o céu - Como diria um inspirado João.
Ameaçou cortar a outra orelha se não lhe dessem de volta os pincéis, as tintas, o Sol e os Andes, como tela.

Pintada de dentro de um ônibus em movimento, a 1/250 X abertura automática, na velha F800 com CCD de 4 cores e Carl Zeiss 28 X 200 Vario Sonar T*. Vejam quantos caminhos...
Se um dia conseguir ficar quietinho com um tripé e tempo para esperar o amigo Sol, prometo fazer melhor.

Aqui estamos a subir rumo à cidadela do sopé do pico a 5.421 m. Bem ao fundo, El Alto, no planalto, aqui Altiplano, que se estende até o Peru.

Pedras são mortos que cuidam; estas devem ser de gigantes do amor ao próximo.
O caminho da cidadela.

Uma última olhada para trás:
Um morrer para o que passou.
Há vida lá em cima.
A cruz de Amenofis, a Ansata,
Como o Velho Egito aqui.
Como um unir das sagradas coisas antigas.

Prossigamos.

Mais um cansaço, e uma conquista: estará logo a 5.300 metros acima do nível do mar. O respirar será difícil, e você não estará no picadeiro, não precisa, como nunca precisou, de aplausos. Só chegue se for bem. Afaste os holofotes, para nada servem.

Veja a neve: o mundo branco. Há branco no branco: formas. Veja com cuidado. Sem pressa. A busina do ônibus suspenderá tudo com rispidez. Mas isso é coisa dos outros.

Há um portal. Só lhe veja a beleza das cores das pedras e siga adiante, na outra direção. Haverá um cãozinho cuidadoso. Não desperdice nada com ele.

Há uma sonda no meio da neve, coisa do laboratório de física cósmica próximo.

Um belo monte negro no meio do branco e das cores.


E a última subida. A pé!
O teste de fôlego.
Não se engane, é íngreme.
Lentes sempre enganam... sempre.
Vá só. Mesmo que por último.
Vá até onde possa,
Sem constrangimento se ficar no caminho.
Nenhuma pressa.
Haverá silêncio.

As luzes se apagaram,
E não existem cortinas.
Você estará só e não haverá mãos.
Renuncie aos aplausos de uma vez.
Não espere clímax, nada espere.
Nada "virá".
E eis aí a beleza de tudo.











Eis em vídeo a vista de 360º do cume do Chacaltaya:

 

Eis o que vai lhe custar este passeio:

- Pacote (Onibus de ida e volta, com guia) - Bol 60,00
- Ingresso (Pago no portal de entrada - Bol 15,00)
- Valle de la Luna (Se quiser. Muitos não o recomendam) - Bol 15,00
Não há almoço neste passeio.

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