sexta-feira, 15 de abril de 2011

A viagem

Aqui, as fotos são poucas. Veja as outras postagens, se ver fotos for o seu desejo.

Há também alguns vídeos.

Comecemos pelo câmbio de moedas:

Em Puerto Suarez e em Santa Cruz de La Sierra, com os cambistas das ruas e as casas de câmbio, obtivemos Bol 3,90 por um real. Na ida. Quando voltávamos, em Santa Cruz, conseguimos apenas 3,85.

Vejamos agora uma operação através de cartão de crédito internacional do Banco do Brasil:

- Saque no caixa eletrônico da Calle Sagárnaga - Bol 300,00. 
- Débito em dólar no cartão (Cartão de crédito) - US$ 43,10
- Taxa sobre o valor da operação - 8,3%
- Valor do dólar - R$ 1,6188 (Isso mesmo; dólar oficial)
Calculando: (43,10 + 3,58) X 1,6188 = R$ 75,57
Bol 300,00/R$ 69,77 = 4,30 (Bol 4,30 por um real) - Muito melhor que as taxas anteriores
Comissão: US$ 3,58 X 1,6188 = R$ 5,80
Valor cobrado no cartão: R$ 75,57. Portanto, Bol 300,00/R$ 75,57 = Bol 3,97
(Líquido recebido). Continua melhor, apesar da taxa cobrada.

Trocando dólar por boliviano dentro da Bolívia, obtivemos os melhores valores em uma casa de câmbio pequena na entrada à esquerda, junto do guarda volumes, da estação rodoviária de Cochabamba.

Tiramos os pés da areia molhada pelas águas do Atlântico e seguimos para Oeste, no rumo das alturas. O GPS marcou do percurso todo da viagem 9.309 km.

Quem viaja do mar aos Andes, vai de um a outro infinito.

As medidas andinas, de imensas, se pode ter como infinitas. Sobretudo pelo variar das impressões.

Boa prática é se rever à hora do dormir todas as experiências, todas as relações de cada dia. Importa se compreender as relações no instante mesmo em que ocorrem, sendo impossível se fazer isso em qualquer outro momento: não existe o tempo nessas coisas.

O maravilhar-se com o que se vê no mundo encantador que vimos, está ainda dentro do âmbito das coisas limitadas. O Imensurável está nas relações com as pessoas. E é disto que nos ocuparemos.

Como em mil outras viagens, o plano era viajar só, e cobriríamos todo o percurso de ônibus (Tarefa cumprida, exceto pelo trecho, horroroso trecho, do Trem da Morte, que não recomendamos nem à pior (Como se existisse...) das pessoas).

Queria ver todos os tipos de pessoas (Como são parecidos!) no trajeto; conversar com elas, sentir-me junto quanto pudesse. E isso aconteceu naturalmente.

O como intensificar as cores de tudo ocorreu já na fila do lado de cá para registrar a intenção de pular uma linha imprecisa que nos põe em um instante sob o regime de um conjunto de normas e no segundo seguinte sob outro. Isso se deu aos primeiros contatos com as pessoas da Bolívia.

Horas antes encontráramos - Como se alguma coisa acontecesse por acaso - um jovem casal e depois outro, todos viajando juntos na mesma direção que eu. 

Coincidências nos afastavam para depois reunir. Tudo de um modo um tanto desastroso, apesar da extrema sensibilidade de T e da maturidade impressionante de K. O outro casal era espirituosidade e inclinação artística, nem um pouco menos importante. Despedimo-nos no aeroporto de Viru Viru (Birobiro) sem cerimônias. Primeiros dos de cá na viagem, não puderam ser esquecidos porquanto experiência sempre incompleta. E havia nessa coisa misteriosa quanto encantadora algo que insistia em reunir sempre. Pois foi nos últimos segundos que os pude conhecer de fato, um a um. Voaram para La Paz quando era pleno carnaval.

Ficamos na escaldante Santa Cruz de la Sierra mais um dia, e foi assim que pudemos ver a reação do povo à maluquice política da proibição de se pintar ou enfeitar os automóveis como parecia convir ao clima de carnaval: enlameavam a pintura toda, faziam parecer carros velhos, acabados. Sua maneira de demonstrar descontentamento com a arrogância dessa espécie nefasta chamada político.

Santa Cruz possui uma área residencial de brasileiros imensa. Não apenas um bairro. Isso nos foi mostrado pelo motorista do taxi que nos levava ao aeroporto (Quis ir de avião, para logo desistir frente ao câmbio assustador praticado por lá: Bol 3,20 por um real). Esse cavalheiro foi extremamente amável nos mostrando e explicando tudo pelo caminho.

Na viagem a Cochabamba, destino seguinte, a amabilidade se repetiu com outro senhor também boliviano com quem conversamos grande parte do percurso. As informações fluem abundantes dessas pessoas gentis. Muitos possuem parentes, às vezes filho ou filhos, vivendo e trabalhando no Brasil. Há também gratidão nessas pessoas pela acolhida brasileira e palavras de exaltação das virtudes de nosso povo estão longe de serem raras.

Sentia-me muito à vontade e a viagem superava em muito o esperado.

Os dois casais de que falávamos, como eu, foram "enganados" por informações falsas, que nos desviaram do Trem da Morte para os ônibus. Só ao voltar, quando escolhi esse trem, compreendi que essas pessoas, ao nos "enganarem", nos ajudavam.

Trem da Morte nunca, nunca, nunca mais. Ele chacoalha, balança, parece não ter qualquer mola, faz um barulho que dá a impressão de estar caindo morro abaixo desgovernado e fora dos trilhos. E ainda tem uma tripulação engraçada, embora extremamente educada e gentil, que parece compenetrada de conduzir um desses aparelhões da Nasa rumo aos confins do Universo.

Santa Cruz de la Sierra trouxe experiências curiosas.

No hotelzinho barato apinhado de gente conhecemos um desses indios de roupas moderninhas a falar  quéchua mais que espanhol. Conversava arrastado, exibindo os dentes emoldurados de ouro de canto a canto da boca - Esse é costume entre as pessoas mais humildes, os dentes emoldurados, às vezes com formas, como corações, de ouro. Nas classes os dentes são normais.

Depois de pouca mas demoradíssima conversa entre risos sem propósito, a sugestão de comprar "Coca grande". Como aqui se toma o maldito refrigerante de nome semelhante em garrafões de dois litros e meio como mania, julgamos se referir a ele. Pura ingenuidade, que compreendemos logo que falou do preço. Naturalmente demonstramos interesse pela proposta, fornecemos endereço do outro lado do Brasil que não o nosso, e fingimos guardar o número de seu celular.

Como dizem os "filósofos" de minha terra: "Melhor ter o capeta como amigo do que como inimigo". E esse rapaz estava longe de ser essa coisa - Era apenas um índio.

Não demorou muito e conhecemos um estudante chileno de sociologia. Esse, bem jovem, de ótima aparência, inteligente e profundamente interessado em Sudamerica, carregava um livro de um sociólogo brasileiro mundialmente citado, Celso Furtado. A conversa tomou forma, desenvolveu-se e logo nos sentíamos velhos amigos.

Eu nada bebo, ou tenho qualquer vício. Isto é bem evidente, logo qualquer pessoa nota. No entanto, o novo amigo quis me "regalar" (Presentear) algo a seu ver de grande importância. E pronto tirou da mochila de mil quilos um saquinho leve do qual separou parte de uma erva sequinha. Seria meu presente. Pus-me a rir quase sem controle, para surpresa dele.

Pos-se a argumentar em defesa da coisa. Disse-lhe que rira pelo inusitado de tão "valioso" presente. E assim se acalmou e parou de justificar-se, para conforto geral. Recebi o presente e continuamos a conversar. Algum tempo depois, sem qualquer explicação, me pediu o pacotinho de volta e se pôs a separar os pedacinhos da planta. Esperei com paciência o trabalho vagaroso e reticente dele. Podia ver que queria tudo de volta, apenas não se sentindo à vontade para dizê-lo. Antecipei-o e pedi-lhe que juntasse tudo ao pacote original. E assim ficou tudo maravilhosamente bem.

Cada cidade oferece seus muitos momentos, dos quais apenas podemos contar partes, ou escreveríamos um jornal paulista de fim de semana.

Cochabamba nem de longe lembra Santa Cruz. Bem menor, menos rica, muito mais limpa e bonita, oferece um clima fantástico de montanha sem os exageros do frio de La Paz, Oruro, Sucre e sobretudo Potosi.

Esta cidade nos parece o lugar perfeito onde se viver. Aqui temos a educação mais barata do país, nunca inferior à mesmo das capitais institucional e administrativa, Sucre e La Paz. A universidade aqui custa menos que em Santa Cruz, o outro centro de estudantes de medicina brasileiros.

As escolas públicas oferecem todo o fundamental que as particulares oferecem. As públicas custam Bol 120,00 por mês; as particulares, US$ 140,00. As primeiras oferecem apenas educação, o curriculum normal das escolas, que devem ser cumpridos por todas. As particulares oferecem confortos como piscina, quadras de esportes, cursos de informática, inglês além-curriculum e coisas mais de que não lembramos no momento. Em Cochabamba esses preços são menores.

Cochabamba tem mercadinhos por toda parte, que vendem frutas, como os pêssegos perfumados, belíssimos  e cheios de sabor de Tarija, outra importante cidade, do Sul da Bolívia, perto do Chile.

Veja a postagem sobre Cochabamba, com seu Cristo de la Concordia.

A viagem agora seria para La Paz, a capital. Uma coisa de umas nove horas sem grande conforto no ônibus e a eterna batatinha frita com frango assado na brasa e mais algumas coisinhas em uma parada do caminho, em Lemoncito, um lugar onde se compra um saco enorme de limõezinhos excelentes por uma quantia de fazer rir... de felicidade. Nada tão mal, exceto pela água, de R$ 1,30 a garrafinha. Caríssima! Agua na Bolívia é mesmo cara: um garrafão de dois litros pode chegar perto de R$ 2,00. 

La Paz tem os três passeios mais conhecidos do país: Valle de la Luna, Tiwanako e Chacaltaya. Há também museus, a Igreja de São Francisco, o Mirador, a área Sul e mais. Deixando El Alto e entrando em La Paz podemos ver esta quase toda, lá dentro do barrocão imenso onde foi erguida.

Em La Paz se chega sempre por El Alto, cidade tão grande quanto a primeira.

El Alto está no Altiplano toda. O Altiplano continua e continua, com seus vilarejos de enormes tijolos crus, pobres, tristes, e suas fazendas cobertas de forrageiras de florzinhas amarelas. O Altiplano segue Peru a dentro, onde se torna fazendas mais belas, mais bem cuidadas, mais ricas, e mais povoadas. O Peru tem motivos para se orgulhar de seus fazendeiros.

El Alto é aquela cidade imensa que se vê ao fundo de algumas fotos dos campos à frente do Chacaltaya.

O centro de La Paz não impressiona pela beleza. E a cidade não possui os shopping centers esperados em uma grande cidade. Também os cartões de crédito estão longe de serem populares por aqui. Tudo se compra com dinheiro vivo.

Mas encontrará coisas boas para comprar, sobretudo produtos esportivos, nas pequenas lojas (Não vi qualquer grande magazine). Quase tudo aqui se concentra na Calle Illampu ou ao seu redor, como na Calle Sagárnaga, Calle Murillo, Calle Garnero e outras.

Para se hospedar, não confie nos taxistas, vá direto à Illampu e procure nela e nas imediações o lugar que lhe sirva. Encontrará algo. Se chegar em hora adiantada da noite e não tiver tempo para procurar, vá direto à ruela Aroma, uma das transversais do início da Calle Illampu (Diga Calhe Ilhampo, que o falar daqui é o de Espanha). Lá encontrará algo que lhe servirá por pelo menos uma noite. Mas veja antes de se hospedar as acomodações em qualquer dos casos. Vimos um hotel em um prédio bonito, muito grande, que por dentro era pior que cabana de pigmeu da idade da pedra.

Veja as postagens sobre Tiwanako e Chacaltaya, dois passeios de baixíssimo custo e inesquecíveis, ambos com saída de La Paz.

Continuamos viagem cruzando a fronteira do Peru em Desaguadero e indo fazer parada em Puno, à margem do Lago Titicaca, o mais alto do mundo. Puno é a maior cidade em torno do Titicaca, e fica ao norte do lago.

Novas pessoas. Desta vez fomos no banco de cinco lugares bem lá no fundão do ônibus. Bom que pudemos conversar com todos, inclusive com um brasileiro recém-casado com uma aeromoça dona de uma barriga nada invejável que pretendia soltar o bebê à luz de frente para o grande lago. O pai, marinheiro de primeira viagem, estava radiante de felicidade com o filho a caminho, filho de uma esposa linda e amável como flor.

Viagem com vistas magníficas de campos em flor e de distantes montanhas vestidas de eterno branco. Não me podia deixar de imaginar a percorrer aqueles campos e montes com uma câmera munida de medidinhas como 17, 135, 300 e 600 mm., todas fixas, sem zoom nenhum. E filtros, tripé pesadão (Não importava o peso... Pelo menos na imaginação) e minha Nikon FM2 antiguinha e linda, com seu diapositivo Fuji de 36 poses, bem municiadinha, para os momentos em que o fôlego quer faltar e o coração dá três saltos, para depois pulsar suave, aquietado. MP3 no fundo do bolso, e só o vento, a trazer a música de não se sabe onde, para santificar.

Daqui saímos para um dos melhores passeios, as Ilhas Flutuantes dos Uros.

A propósito dos uros há uma história interessante, a de que criaram essas ilhas para fugir dos conquistadores incas. Veja a postagem "De La Paz a Puno, passando por Desaguadero".

Novas pessoas, gente do mundo todo, em um barquinho. As aproximações eram inevitáveis - Se é que alguém desejaria o oposto. Malucos a bordo. Dos que adoçam a vida. Três muchachas e dois muchachos, todos jogadões, perdidos pelo mundo afora; gente de lugares tão diferentes como Norte da Europa e Africa, região dos Grandes Lagos,  reunida quem sabe como. Amadureciam nos caminhos. Serão um dia gente comportadinha, de sucesso, sem qualquer graça. Mas lembrarão sempre de quando foram muito gente, pelos caminhos dos Andes.

Não há fotos destes no blog, ou do inesquecível casal argentino de meia idade, de Ushuaia, a cidade de noventa mil habitantes do fim do mundo, lá pela Terra do Fogo, Sul do grande país. Ou do casal curitibano, tão amável, também de meia idade - ele - e bem menos que meia idade ela.

O passeio correu leve, com o narrar bilingue do competente guia. E o dia se foi fácil, qual se menos que a duração normal tivera.

Seria Cusco, a capital inca, o grande centro histórico dos andes, o umbigo do mundo, o centro administrativo do Tahuantinsuyu, o império das quatro zonas. Aqui comprei meus livrinhos de História, e de contos, na SBS Peru, uma livraria com um vendedor que orienta e vende com decência, o Fausto. Bem pertinho da Plaza de Armas, onde se inicia precisamente as quatro estradas somando trinta mil quilômetros dos incas, é encontrada sem esforço nenhum.

Machu Picchu é o objetivo final de quantos viajam por estes lados.

Machu Picchu fica no município de Cusco, pegadinha no povoado de Aguas Calientes. Seu passeio custa quase sempre US$ 190,00, mas se procurando, encontra-se por US$ 170,00 e talvez por menos. No entanto, podendo, recomenda-se ir pela Estrada do Inca, lá por dentro da floresta amazônica, no sobe-desce sem fim que pode durar três ou seis dias. Prepare-se para frio e sofrimento. E o preço é mais alto; Não sabemos quanto.

Nosso fim de linha foi Cusco. E pouquíssimo vimos da cidade mais bela do caminho. Ficamos devendo dezenas de fotos desse lugar ímpar.

Conhecemos poucas pessoas por aqui. E Machu Picchu ficou para outra viagem. O "passaporte" (Assim é chamado aqui) dos passeios de Cusco ficou na mão: o corpo não suportaria subir o nadinha que é de Aguas Calientes à cidadela. Sobretudo não suportaria a subida mais íngreme lá em cima, até o lugar das fotos panorâmicas. Os outros, poderia ter feito; mas não havia ânimo depois da renúncia ao principal. No hotel, conseguíramos escorregar em uma escada toda de madeira, lisa como sabão, e fraturáramos uma costela. A partir daí as dores dirigiram a viagem. E foram tolerantes, até: permitiram ainda ir a Copacabana, lá ao Sul do lago, e a Oruro, uma cidadezinha bem cuidada que merece visita, sobretudo no carnaval.

O passeio de Cusco durou horas e o de Oruro dois dias.

O corpo pedia o lar e cuidados. E fizemos a tolice completa de embarcar no "Trem da Morte", aquela coisa triste. Mas sobrevivemos para contar. E, se pudermos, voltaremos aos Andes antes de terminado este muito rápido 2011.

Ah! O prazer das conversas com os companheiros de viagem durou somente até Puno.

Como o estado de saúde altera a cor das lentes de ver a vida!

Huayna Potosi - Expedição

Passeio de bicicleta na Bolívia

Aventuras de bicicleta na Bolívia

Aventuras de bicicleta na Bolívia - Continuação

De bike pelas montanhas da Bolívia

Na Calle Sagárnaga se compra o passeio, em bicicleta de ótima qualidade, por Bol 650,00.

Vai-se de ônibus até o início da trilha, lá no alto; de onde lhe solta de bicicleta ladeira abaixo. O esforço é pouco. Depois do passeio de bicicleta, volta-se, do ponto final da viagem, de ônibus até La Paz. A agência cuidará de trazer de volta as bicicletas. O ônibus deixará cada um no hotel, assim como recolheu pela manhã.

Isso é passeio para quem não tem pena da própria pele, para quem quer sofrer. Mas há gosto pra tudo e cada um viva do seu modo. De qualquer forma, ganhará as vistas mais belas. E terá poeira, perigo, aquele hormônio que citam até abusar e - algo positivo - a companhia do grupo, sempre de pessoas incomuns.

Talvez eu fale mal por despeito, já que minha alergia a poeira me proíbe essas coisas. E o coração "bate uma, a outra 'faia'", como na música do Mato Grosso; e se põe a voar, com manias de condor, como se no peito de um desses jovens que saltam de alturas com esquis, esses maiores atletas do mundo, estivesse.

Bem... aqui do meu lado acho que viver uma vida cinzenta não tem qualquer valor, e se a tivesse trocaria por uma vidinha mais curta, mas intensa, vibrante, sem vacilar. E pagaria troco com prazer.

Dá pra se entender uma vida todinha atrás de um balcão? De qualquer balcão. A vida em uma gaiola, ainda que de ouro, artística, belíssima, ornada com as mais belas gemas. Mas gaiola, sempre gaiola.

Dê um pulinho lá fora, no mundo. E veja a vida por uma nova janela. Sobretudo não tenha medo de se arriscar - nunca. Encontrará as pessoas mais intrépidas andando por aí, e cada uma terá sua própria cor, sua própria feição, sua própria beleza e encanto. Não importa que idade tenha ou onde esteja, dê o primeiro passo. E continuará. Deixe o rio correr e veja sereno tudo, sem comparar nunca, para que seja sempre novo.

 Entrada do belvedère de La Paz, em um dos pontos mais altos da cidade.

 Parte da área do belvedère


Uma cidade com pouco reboco.

Na capital, como no interior, predominam as construções com blocos à vista.

 A cor dos blocos expostos, predomina logo ali, terminada a área central.

 E vigilante, cuidadoso, de olho na cidade, o Huayna Potosi.

Um mundo de nuvens, e lá embaixo, parecendo pequeno, o gigantesco Huayna Potosi, com seu Ilimani.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Oruro, o folclore mais rico da Bolívia

S 17º 58'
O 67º 6'
3.709 metros de altitude
653 Mbars

O mais importante centro folclórico da Bolívia tem uma população beirando os duzentos e vinte mil. O ar rarefeito não é obstáculo para se realizar todos os anos o carnaval mais belo do país e o mais original do mundo. Tudo sem o exagero dos absurdos apelos de outros países ao sexo, à bebedeira e às drogas. Sim, às drogas; que não são a doença social aqui que são em outras partes do mundo.

Oruro faz fronteira externa com o Chile e interna com Potosi, ao Sul e a Leste, com La Paz ao Norte e com Cochabamba, só um pouquinho, a Nordeste.

Há para se ver por aqui, o Santuário e Museu de la Virgen de Socavón, os museus Patiño (Milionário da prata de outros tempos), Antropológico e Mineralógico, além da Rumi Campana, palestra para escaladores. Também próximo está o Salar de Uyuni, já no município de Potosi, onde fica também o Cerro Rico.

Agora vejamos as fotos de Oruro:

Um monumento dourado, como convém.
Papagaio de pirata faz pose (à direita).


 Pelo caminho.

 Grupo carnavalesco dos caminhos








A bonita cidadezinha tem um comércio respeitável, onde se compra roupas de ótima qualidade e "móveis para palácios", como em La Paz. Tudo com preços surpreendentes... para brasileiros e outras gentes de países de moeda forte.

Os eletrônicos estão longe de ser o forte do comércio boliviano, seja onde for. Também, deste lado de cima do país, longe da fronteira do Brasil, nem se fala ou se pensa em armas - isso é coisa das áreas bandoleiras lá pela Amazônia ou perto do Paraguai.

A Bolívia destas bandas é educada, polida, belíssima e serena.

O povo boliviano é ótimo de se lidar, porquanto humilde e educado. No entanto... há doentes do fígado em todas as partes deste mundo... Felizmente poucos.

E a propósito de saúde, saiba que os hospitais, clínicas e consultórios por aqui vivem vazios (Fomos a um hospital público, que nada cobrou, e a um hospital e uma clínica particulares); evidência de que há saúde. Também, pagamos por uma consulta Bol 70,00 (R$ 18,00), o que significa que é bom negócio vir se cuidar por aqui. E naturalmente não falamos só de Oruro, mas de toda a Bolívia.

Os links abaixo são de um passeio local e da vizinha Potosi. Que podem ser feitos a partir daqui, de Oruro:

Huayna Sajama, a montanha mais alta da Bolívia






Andando sobre o lago ao som de Schumann (Träumerei), Salar de Uyuni 

Que bom seria ver aquelas bailarinas perfeitinhas do ballet no gelo a rodopiar com aquela beleza toda sobre esse lago! Deviam gastar um montão de dinheiro e produzir algo realmente extraordinário, com direção de gente como a do Cirque de Soleil ou ainda melhor. E com aqueles sons que o Cirque, Kitaro ou, mais ainda, a Berlinen Philharmoniker (Com o Lago dos Cisnes de Tchaikowsky?) ou o que pareça mais adequado. Quem sabe Woody Allen sugeriria melhor. O baixinho conhece a música americana antiga como ninguém. E que gosto tem o sujeitinho!


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Isla del Sol, Copacabana

S 15º 59'
O 69º 11'
Altitude: 3.918 metros (No pico)
A ilha está no nível do lago, naturalmente: 3.814 metros.
Pressão do ar: 638 milibars

Bol 5,00 para descer do barco, Bol 5,00 para subir, mais dez para ver o museusinho de nada. Este passeio vale a pena, mas não tanto quanto o de Puno. Mas a viagem de barco é muito baratinha, e haverá um guia bilingue a contar tudo.

 Olhares bondosos de crianças bolivianas, no barco.


El Rey dá as boas vindas, de cetro na mão.

E apresenta... La Reina.
Quanta beleza em se ser rei, ou raínha! Majestade em nobreza de atitudes. em não negociar ou transigir. Quanta beleza em se ter coroas das que quase nunca são vistas!
O rei devia saber que é por causa da mulher que o Paizão abençoa o lar do homem. A raínha devia saber da própria importância estando ao lado de seu rei. 

Por aqui chegam os que optam pela vinda da parte Norte pela trilha.


Foto antiga do museu. Haverá outra, por último, muito curiosa.

O caminho depois da praia.

E mais à frente um pouco. Como faz falta um equipamento fotográfico completo, com filtros, tripé, fotômetro e o mais!

Quase a descida, e a subida até o cume logo depois.
As pedras aqui criam marcos para a eternidade. Os plantios são em níveis. As casas, de adobe, sempre. E os telhados, do eterno zinco, ou, vez ou outra, de sapé.


Aqui há mandacarus, aquela coisa dos sertões.
Como estar longe e sempre perto, juntinho das coisas que ficaram na distância.

As pedras, a cabana, as plantações, o Titicaca.


Artes de argila ou pedras dos povos antigos. E um disco - infelizmente com um vidro, que dificultou a foto - verdadeiro estranho no meio. Nada tem a ver com o ambiente, ouvimos isso de um senhor do grupo de excursão. Essa coisa e o senhor merecem uma atenção especial.

O homem vinha sentado lá no meio de todo mundo. Estava cercado por gringos do mundo inteiro. E era diferente de todos.

Tinha tez morena e barba mal cuidada sobre um rosto magro, triste, tenso. Era miudinho, homem de pouco peso. Notei-o já ao embarcar.

Diferente, nada brilhante como a juventude ou os mais idosos. todos de pele radiantemente clara ao redor. Destacava-se mesmo entre as pessoas preciosas, essas que visitam estes lugares.

Era de se supor que fizera um grande esforço para chegar ali. Podia ser tudo: de um dos ditos "fracassados" da vida a um eminente catedrático.

Estava a clicar sobre o disco nem um pouco à vontade com o vidro que nos separava quando, de detrás de mim, apontou um dedo magro declarando: - Esse disco não é daqui, não pertence ao meio. Com espanto perguntei-lhe porquê. - Veja que é diferente de tudo daqui, nada tem a ver com as outras coisas. Tive que concordar e ouvir o resto com curiosidade e deleite.

O envelhecido homem falava de um lugar que habita os sonhos dos fantasiosos, dos loucos. No entanto, nada havia de louco em seu comportamento sereno, a negar o semblante ansioso. E continuei a ouvi-lo. Lamento não tê-lo ouvido mais.

Falava de Lemúria, o suposto continente situado talvez no Pacífico, que submergiu a um movimento gigantesco da placa tectônica sobre a qual se assentava. Ocorre que, assim como esta desapareceu nas profundezas do oceano, a Cordilheira dos Andes - se já existia - recebeu o acréscimo da área hoje Isla del Sol, e talvez adjacências. Pois bem: essa plaquinha subira junto com as novas terras desde a desaparecida Lemúria.

Essa foi a explicação que me deu.

Essas pessoas são figuras que podem passar despercebidas, já que vivem vidas modestas - sem prejuízo da dignidade. Sem qualquer desejo de aplausos ou de se colocar sob holofotes ou no picadeiro dos circos, são sensíveis, profundamente humanas, sempre. Devem ser ouvidas, porque precisamos ouvi-las.

Eu pessoalmente sou cético quanto a lemúrias e atlântidas, mas bem sei que o que se informa hoje é quase sempre corrupto e serve a um único interesse, o de enganar para se abrir condutos para o escoamento de rios de dinheiro para os bolsos de gente que não vale o que pesa em esterco.

Mas essa coisa toda parece muito com a história da profecia maia de fim do mundo em 21-12-2012 (Pertinho, né?!), que está enchendo as burras de um bando de vigaristas pelo mundo afora e vai causar um inferno às vesperas da data, com montanhas de dinheiro se transferindo dos bolsos dos bobos para os da pior espécie de gente.

Que acha de ficar quietinho no seu lugar apreciando os nervosinhos a correr para um lado e outro? Nada poderá fazer a respeito.

O pico da Isla del Sol, na parte Norte, é só uma caminhada enorme e isto:






Você pode ir do Norte até o Sul da ilha a pé, por trilha, se quiser.

Na próxima vamos ver um nadinha de Oruro, a cidade do carnaval e do folclore.

Mas antes, vejamos as ondas da praia do lado norte da Isla del Sol (Tínhamos os pés juntinho da água ao filmarmos):

domingo, 10 de abril de 2011

Copacabana, o lado sul do Lago Titicaca

Estamos de volta à Bolívia

S 16º 10'
O 69º 5'

O caminho:




Tudo através de vidro de ônibus a mais de 80 km/h, tudo com 1/500 e abertura automática.

Lago com pedalinhos e barcos de totora.

Hotéis e morrinho.

Povo do lugar.

Pedalar...

 Titicaca e céu.

Terra, água e céu.

A vida em paz...

O passeio de barco deste lado do Titicaca não impressiona como o do lado Norte, de Puno, Peru. Aqui se vai à Isla del Sol, parte Norte primeiro, e Sul depois. Vê-se umas Islas Flotantes também, mas sem o encanto das de Puno.

Logo mostraremos alguma coisa da Isla del Sol.

Copacabana encanta, sem dúvida, e se tem vontade de ficar por lá por um tempo bem longo. O lugar tem hotéis bonitos e baratinhos e restaurantes aconchegantes, de gosto pelo artístico, não tão baratos.

O prato daqui é a trucha, um peixinho cor de salmão pequenininho e a meu ver sem graça nenhuma. Pescado aqui em frente, no lago; só esse seu encanto.

Vejamos um pouquinho do lugar:

Hotel Mirador, bem em frente ao lago (Peça habitacion com vista para este), com café da manhã. Bol 50,00 por dia; ou menos, se em dupla ou grupo.

Leyenda Hostal y Restaurant - Bem em frente ao anterior. Não o conhecemos, só o vimos por fora. Todo artístico. Se voltarmos lá iremos conhecê-lo, sem dúvida.

Ruazinha simpática, vai lá no lago.

Chegando no lago.

Um restaurante enfeitadinho.

Copacabana... em quéchua.

Agora, acerquemo-nos do Santuário de la Virgen de la Candelaria. Mas vamos aos poucos, conhecendo as coisas do lado de fora primeiro:

Monumento da pracinha em frente ao santuário.

Padre benze automóvel, um costume desse povo adoravelmente católico.
Diferença da rebeldia hoje reinante neste nosso também lindo país.

Feirinha de artesanato do lado da praça, de frente para a igreja.

Feirinha de objetos religiosos bem no calçadão da igreja.
Uma variedade enorme, que inclui mil peças de prata do Peru ou da Itália.


Por favor, leia direitinho a placa. Você vai conseguir entender.

Entrada principal.

Vista frontal interna.

Lado direito da entrada.

Tudo grandão, tudo majestoso.

Vista do portão principal.

A torre.





Agora, o destino é a Isla del Sol, aqui mesmo em Copacabana.



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